terça-feira, 13 de agosto de 2013

Maratona Báltico 2013 - 001 : Vai começar a maratona

Partimos no domingo para uma viagem à Europa tendo como focos a região do Mar Báltico, parte da Escandinávia  e Lisboa. Se no ano passado chamamos a viagem de "expedição", o projeto de 2013 deverá se chamar "maratona", porque atravessaremos países ocidentais mais similares com a nossa cultura, porém em maiores intensidade e velocidade dados os altos custos de vida.

Noruega, Suécia e Dinamarca são países caríssimos. Segundo o site Numbeo, que mostra preços e compara custos de vida em diversos países, a Noruega, o mais caro do roteiro, tem preços aproximadamente 60% mais caros que os do Brasil. Um litro de gasolina custa 50% mais caro, mesmo sendo o país exportador de petróleo. O roteiro foi planejado para conhecer o máximo no mínimo de tempo, e os recursos projetados mais para a sobrevivência que para o conforto.

De modo geral o transporte será sempre mais caro, variando de país a país. Nossa experiência única com empresa aérea low-cost (nunca mais, a princípio) nos fez procurar e encontrar a Norwegian, que pelo menos na Escandinávia tem vôos muito competitivos. Cobra a bagagem por fora, mas o impacto não chega a ser muito grande. Um detalhe: os vôos de e para o Brasil tèm bagagem gratuita de duas malas de 23 kg, mais 5kg da bagagem de mão. Entre os países da Europa (não sei se apenas da Comunidade Européia) a regra é 20kg em tickets normais, 10kg nos vôos low cost, e paga em trechos especiais. Sempre em classe econômica.

A meta será percorrer, com densidades de informação e conhecimento bem superior aos tours oferecidos pelas operadoras de viagens, nada menos que, pela ordem: Suécia, Noruega, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia, Finlândia, Rússia, Dinamarca e Portugal. Grana contadinha, resultado de sacrifícios de poupança, reduzida por uma desvalorização cambial da ordem de 20% em relação ao ano passado, exigindo mais esforço de concatenação e racionalização dos recursos, e principalmente de barateamento.

Mudamos a metodologia de planejamento em relação às viagens passadas, que consistia em listar as atrações e estimar os tempos necessários, e depois sair cortando muitas coisas quando o roteiro era fechado. Ou não executando o plano, o que trazia frustrações a algumas expectativas. Não dá para falar do conteúdo de um museu por uma foto na fachada, ainda mais para quem vai fazer abordagens sócio-antropológicas dos povos e culturas visitados. O método agora foi ler o que as empresas de turismo oferecem nos seus passeios panorâmicos tipo "salta, bate a foto e vamos embora" e ter uma idéia do todo, sem detalhamentos, e usar isso como base para iniciar o plano.

Listamos os países em volta do Báltico, ao qual agregamos a Noruega para concluir a Escandinávia e estimamos o tempo total. A princípio entraria o norte da Alemanha, com Hamburgo como alvo, mas as sete versões até chegar à definitiva acabaram escanteando essa cidade, pelo empo e pelo custo global, que poderá entrar (quem sabe, se não continuar essa desvalorização grande) num roteiro com Holanda, Bélgica, etc. Acrescentamos Lisboa porque é o lugar de entrada e saída na Europa, sem pretender conhecer Portugal mais a fundo, coisa para outra oportunidade (espero que haja). 

A cada cidade dedicamos, pelo menos, um dia completo entre dois pernoites no local, exceto as projetadas para ida e volta no mesmo dia, como Auschwitz, junto a Cracóvia, na Polônia, ou Veliky Novgorod, próxima a S. Petersburgo. Caso haja necessidade de reprogramação por alguma variável imprevisível, as primeiras a saírem do roteiros serão essas excursões "day trip". 

Feito isso, e ainda sem colocar como prioritária a programação local, alocamos os tempos em cada lugar, já articulados com os meios de transporte, seus horários e conexões com outros sistemas. Em nenhum outro plano sabíamos o que fazer ao chegar ao aeroporto, local onde tem os terminais de saque, local do ônibus, trem ou metrô, quanto custa, horário, onde saltar, caminho até o hotel, etc. É nessas conexões que estão as maiores perdas de tempo e riscos. 

Para chegar a esse nível de detalhe tivemos previamente que localizar os pontos de hospedagem. Uma rápida passada pelo Google Earth mostra onde ficam os hotéis, e junto a eles devem estar as principais atrações do mundo turístico, que não é exatamente a nossa praia mas serve de referência. Hospedagem perto de pontos de metrô, trem, ônibus são importantes para evitar táxis, mundialmente caros e aqui e ali nas mãos de máfias que exploram turistas. 

Queimada essa etapa de definição de datas, locais e tempos disponíveis partimos para a primeira orçamentação. Separamos numa planilha, para cada dia, despesas prováveis com alimentação, hospedagem, transporte local e ingressos, que são gastos cotidianos. Noutra estimamos, para cada trecho, os custos dos diversos modais de longa distância, já considerados os preços de conexão como metrô do aeroporto, táxi e outros que fazem parte do custo de movimentação. 

Dessa primeira estimativa chegamos a um valor final, que comparamos com os dados de outras viagens que fizemos. Aí vem a fase de refinamento do orçamento, coletando alguns preços, pegando os horários mais baratos de vôos, as opções de hotéis, hostéis, campings, apartamentos de temporada, etc. O mais difícil é aumentar a eficiência dos roteiros, o que leva a diversas versões de planejamento. 

Ajustados esses preços e trazido o orçamento para níveis aceitáveis, dentro da poupança prévia (não pagamos nada em cartão, principalmente agora com desvalorização contínua do Real), aí começa a viagem de verdade. A parte do "o que vamos fazer por lá". Geralmente visitamos um museu que mostre a cultura e a história do povo do país, um mercado popular, um supermercado, shopping, um bairro afastado (fora da zona turística), uma atração exclusiva do lugar (exemplo: Catedral de Sal, em Cracóvia), elementos históricos e arquitetônicos e, claro, aquilo que tem nos guias turísticos também. 

Aí é que se diz de fazer uma maratona, porque há metas a cumprir. Ninguém sacrifica um dinheiro enorme (pelo menos eu acho) para ir a outro país ficar o dia inteiro num boteco lendo jornal. Isso é coisa para burguês, não para o que minha avó chamava  de "remediados". Hotel com mil coisas não é para nós. O que importa é ter um ponto de apoio limpo, seguro, bem localizado, com o essencial, que é banho, cama e internet. 

Não reservamos tudo de uma vez pelo risco de ter que replanejar a partir de algum incidente fortuito. E porque depois  para pedir ressarcimento é infernal. Em geral compramos com duas semanas de antecedência. E é na hora de pegar preços, já sabidas as datas, que aparecem ciladas que demandam replanejamentos. Nesta viagem, por exemplo, vi os preços de hospedagem anormais no início de setembro em S. Petersburgo, e praticamente tudo ocupado. Abri o site de um jornal local e soube que haverá uma reunião do G-20 nessa época por lá. Aí tivemos que rever tudo para não chegar nem pouco antes nem logo depois. E o Blog do Branquinho não tem patrocinadores para fazer coberturas de eventos desse tipo. 

Também foram projetados "planos B" para o caso de necessidade de retorno antecipado ao Brasil. A favor da segurança também levamos todos os endereços e telefones das representações brasileiras nos diversos países para a necessidade de pedir algum tipo de ajuda. 

Quanto às línguas desconhecidas, não temos nenhum problema com isso. Já não falamos japonês, chinês, coreano, búlgaro, checo e outras línguas quando estivemos nos países que as falavam. O alfabeto cirílico da Rússia não é problema, basta transliterar e descobrir que a palavra resultante também não diz nada. E aqui e ali a gente aprende umas palavras-chaves como "perigo", "entrada", "saída", banheiros, bom dia, boa noite, obrigado, desculpe e "por favor", que geralmente abre muitas portas da comunicação. Em suma: valem a mímica, bad english, algumas poucas palavras nas línguas nativas e improviso. 

Dirigir também não é problema, desde que se tenha uma Permissão Internacional para Dirigir, que se tira no Detran de qualquer lugar. Nela tem todos os seus dados traduzidos em diversas línguas que servem para o policial pelo menos saber que o motivo para ele te parar deveria ser do teu conhecimento. A questão está no mapeamento, porque nem sempre GPS é a melhor orientação, e olhar mapas com o carro andando também pode não ser saudável. E ler o que está nas placas, como "pare : abismo adiante".

O uso de cartão de saque na moeda local facilita muito. Vamos encarar euros, coroas dinamarquesas, norueguesas e suecas, zlotis poloneses, lats letonianos, litas lituanos e rublos russos. Mais uma vez entra o planejamento, pois o saque tem que ser na medida do gasto estimado para depois não ter que fazer câmbios desvantajosos ou ficar de lembrança com dinheiro estrangeiro. E cada uma exige contabilização independente, para ao final da viagem podermos analisar os gastos. Dá trabalho, mas não é mistério. E para ver preços em vitrines basta saber uma regra tipo "em coroas se divide por 2,5 que dá o resultado aproximado em real". Complicado? É só multiplicar por 4 e dividir por 10.  Tranquilo.

Para esta viagem aprimoramos o armazenamento dos registros. Diariamente mandaremos tudo para armazenamento na internet, deixando de ser necessários os muitos backups que fazíamos prevendo o risco de nos roubarem tudo e perdermos até as fotos. Isso renderá menos trabalho no hotel. Também teremos mais acesso a redes wi fi gratuitas onde passarmos, e até a comprar chips para ter internet em tablet, celular ou notebook em qualquer lugar. Devemos ganhar tempo com isso, pelo menos espero. 

Aprimorarmos as bagagens a ponto de achar que está faltando muita coisa. Preparamos uma lista com praticamente tudo que se precisa em viagem e a partir dela fazemos a verificação. Como na viagem passada deu certo lavar roupas tipo "dry fit" nos hotéis, que secam rapidamente e não precisam passar, agora só levamos suprimentos para 10 dias. 

A meteorologia aponta para mínimas de 5 graus e máximas de 25 em todo o período, o que resulta em casacos mais leves, com impermeável. Como os vôos na Europa têm apenas uma mala de 20 kg gratuita e o sobrepeso custa uma fortuna,  uma viagem longa deve começar com muito pouco peso, no máximo uns 12 kg, deixando-se as compras mais pesadas para a última parada. Se comprar, porque em geral as coisas são mais caras, a grana é curta e lembrancinhas obedecem à regra geral do "é não dando que não se recebe" que adoto em relação também a presentes de aniversário. 

Faremos de tudo para postar diariamente, o que será facilitado porque teremos muitos trechos trens e ônibus, alguns com internet. No ano passado fiquei de escrever um livro sobre a viagem à Ásia. Não tive tempo,  por isso devo escrever mais nesta viagem. Para acompanhar há um campo à direita na página do Blog onde se pode colocar seu e-mail e receber as atualizações. 


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